Visonário César Martorano faria neste 07 de Janeiro seu aniversário de 112 anos

O visionário Joaquinense César Martorano, o primeiro Secretário de Turismo de São Joaquim, o responsável pela construção da Igreja Matriz, entusiasta, um grande político, o grande amigo de Assis Chateubriand, a mente que já pretendia ligar São Joaquim à Gramado pelo Caminhos da Neve. César Martorano faria, nesta épica data de 07 de janeiro de 2022, seu aniversário de 112 anos.    

CÉSAR MARTORANO 1910 – 2003

UM BREVE HISTÓRICO DE UM VISIONÁRIO.

Nascido em 1910, filho do italiano Egidio Martorano e da brasileira Eulália Brasil Martorano, foi casado durante mais de 50 anos com Joaquina Palma Martorano, com quem teve nove filhos: Nara, César, Rogério, Assis, Eulália, Eunice, Tereza, Angela e Natália. Exerceu atividade agropecuária, imobiliária e do comércio. César Martorano foi sócio fundador e Presidente do Sindicato Rural de São Joaquim, sócio do Clube ASTREA e onde exerceu a função de bibliotecário. No ano de 1922, com apenas 12 anos de idade associou-se ao Clube dos Vicentinos e onde atuou por longos 30 anos.

Iniciou atividade política em 1927 no dia da fundação do partido liberal em SJ quando, contando 17 anos de idade, prestou homenagem discursando para o então Governador Nereu Ramos. A partir de então militou politicamente tendo sido nomeado Tenente pelos revolucionários na Revolução Constitucionalista de 1930. Foi vereador do município por duas legislaturas, Presidente da Câmara dos Vereadores em 1950 e suplente de Deputado estadual.

Foi fundador do Partido Social Cristão, integrou mais tarde o MDB — Movimento Democrático Brasileiro, e lutou arduamente contra o Regime Ditatorial implantado em 1964. No ano de 1980 fundou o PMDB —Partido do Movimento Democrático Brasileiro, do qual foi presidente, membro do diretório estadual e membro do conselho estadual de notáveis. Na política conviveu com grandes figuras nacionais como Ulysses Guimarães e Pedro Simon. Manteve estreita a relação de amizade com vários políticos catarinenses, entre eles Nereu Ramos, Celso Ramos, Pedro Ivo Campos, Casildo Maldaner, Luiz Henrique da Silveira e Edson Andrino entre outros.

César Martorano tinha visão futurista e sempre defendeu o desenvolvimento do município através da fruticultura e do turismo e foi um dos primeiros divulgadores de São Joaquim na mídia nacional. Na sua primeira viagem ao Rio de Janeiro, em 1928, foi nomeado agente correspondente para a região de Lages e São Joaquim de ” O Jornal” com sede no Rio de Janeiro, na época o diário de maior circulação do Brasil – e partir de então mandava regularmente as principais notícias da região da serra, divulgando especialmente as belezas naturais de São Joaquim e região.

O fato mais pitoresco de sua vida no entanto, foi seu encontro com Assis Chateubriand no ano de 1930 em plena revolução constitucionalista — Chatô o rei do Brasil como era chamado acabou chegando por acaso e de forma fantástica a São Joaquim – incrédulos os lideres da revolução não acreditaram tratar-se de Assis Chateubriand, César então correspondente de “o jornal” foi quem inusitadamente propôs a comparação da assinatura aposta em sua carteira de agente de imprensa, desfazendo o mal entendido, foi assim que os lideres, Antonio Palma, Bibiano Rodrigues Lima e Chico Palma e Hilário Bleyer entre outros puderam identificar e desfazer a suspeita de que aquele homem não era um espião e assim evitaram o seu fuzilamento – depois acompanhado do Prefeito nomeado Antonio Palma o levaram até o Passo da Vitória no Rio Grande do Sul.

A partir de então César e Assis Chateubriand tornaram-se amigos e compadres o que possibilitou a divulgação regular de matérias sobre a região nos maiores Jornais e revistas do País, com destaque para as publicações em ” O Jornal” no “Diário da Noite” e revistas como a Cigarra e o Cruzeiro — onde mais tarde trabalhou seu filho o jornalista Rogério Martorano.

Em 1931 Assis Chateubriand faz publicar na maioria de seus meios de comunicação o artigo de sua autoria entitulado ” Um tabernáculo da Liberdade” e onde exalta para todo o Brasil o sentido de liberdade do montanhês que habitava São Joaquim e chama a atenção para a beleza de seu relevo comparando-a a um pequeno condado inglês – este texto é sem dúvida o mais belo escrito sobre o nosso povo e a nossa terra!

César Martorano tinha por hábito enviar maçãs vermelhas para seus amigos e para personalidades, como Astraugésilo de Ataíde, Gilberto Freire, Licurgo Costa e também as mandava regularmente para a redação dos Diários Associados no Rio de janeiro conforme faz prova a matéria veiculada com fotografia dos jornalistas saboreando os frutos. Em 1931, presenteou o então presidente da República Getúlio Vargas com uma grande maçã vermelha, que pesava 375 gramas, produzida em São Joaquim na chacára de Pedro Medeiros, a reportagem foi publicada na revista o Cruzeiro dos diários associados.

Destacava já naquela época a importância da construção de estradas para integrar a região de São Joaquim no roteiro do turismo – como se verifica no texto publicado no Diário de Notícias sob o título: “São Joaquim quer estradas para entrar nos roteiros do turismo” e cujo órgão de imprensa César concedeu uma entrevista.

Em 1935 foi nomeado secretário geral da comissão de obras responsável pela construção da igreja matriz, permanecendo na diretoria até o ano de 1957 – a igreja Matriz de São Joaquim é um dos ícones de nosso turismo.

Em 1936 a convite de Nereu Ramos assumiu o cargo de Fiscal de Comércio de Armas, na Secretaria da Segurança Pública em Florianópolis.

No dia 14 de dezembro de 1942, por intermédio de Assis Chateubriand, César Martorano fez pronunciamento ao vivo através da rádio Tupi em São Paulo, em horário nobre e numa espécie de pool de emissoras em cadeia nacional saldou o povo de São Joaquim. Foi a primeira vez que se falava em São Joaquim no meio de radiofusão mais abrangente da época. ( v. transcrição da mensagem em anexo ).

Em 1956, preocupado com o desenvolvimento da educação do povo de sua cidade, trouxe para São Joaquim as irmãs concepcionistas da ordem da Espanha.

Foi representante a partir de 1959 do Jornal do Comércio.

Foi o primeiro secretário de Turismo do município de São Joaquim, na administração de Egidio Martorano Neto. Nesta função participou de Vários Simpósios Nacionais com destaque para o II Simpósio Internacional de Turismo realizado em Porto Alegre Diretor de Turismo de Gramado e Canela destacando a a construção de uma estrada que ligasse a serra catarinense a serra gaúcha.

Foi César Martorano então, o primeiro a lutar pela ligação ao entre as Serras Catarinense e Gaúcha e que mais tarde, através de seu filho, Rogério Martorano (idealizador) e seu sobrinho Joaquim Anacleto Rodrigues Neto ( prefeito que lançou o projeto 1, transformou-se no Projeto Caminhos da Neve hoje em construção pelo Governo do Estado.
Foi considerado o primeiro ecologista do município, foi fruticultor, criou o bairro Martorano, doou terreno para a construção da igreja São Judas Tadeu, de cujo Santo era devoto, participou da organização das primeiras feiras de maçã e agropecuária tendo sido premiado por diversas vezes.

Foi sócio fundador da Rádio Difusora São Joaquim Ltda.

Recentemente no Hotel Copacabana Palace no Rio de Janeiro, César Martorano gravou cenas para o filme documentário ” Dossiê Chatô — o Rei do Brasil” com direção do cineasta Valter Lima Jr, apresentado em 07 capítulos pela GNT e editado em fitas de video.
Alguns dos Artigos e reportagens publicadas na mídia
nacional:

” São Joaquim, um belo pedaço do Brasil” Artigo – O Jornal em 18-08-1936. Entrevista publicada onde César fala das possibilidades turísticas e dificuldades de seu munícipio.

“Maçãs da Serra” — O jornal — 1936. Onde os repórteres dos Diários Associados aparecem saboreando os frutos enviados por César. Publicado em 07-06-1936.

“Um almoço” — artigo de David Nasser publicado na revista “O Cruzeiro” em 26-12-1959

” Cesar Martorano Embaixador de São Joaquim —Jornal Mural — setembro de 1991 – Anselmo Viana Nascimento.

“Aventuras de Chatô em Santa Catarina” – Diário de Cultura — Diário Catarinense — 05-10-1994, texto Paulo Clóvis Schmtz, participação de Flávio José Cardoso.

“Convite para a comemoração do centenário de nascimento de Francisco de Assis Chateunbriand Bandeira de Melo, no MASP -em São Paulo, cujo Museu foi fundador.

“César e Chateubriand uma amizade de irmandade —Jornal o Mural — Anselmo Nascimento — outubro de 1995.

“Cavalgada marca passagem de Chatô por São Joaquim —Jornal Mural — Anselmo Viana do Nascimento — outubro de 1995.

“O dia em que Assis Chateubriand escapou do fuzilamento” – jornal A NOTICIA, anexo 31-03-1996 – jornalista Joel Gehlen.

Livro – “Chatô o rei do Brasil” jornalista e escritor
Fernando de Morais.

Filme ” Dossiê Chatô — o Rei do Brasil — direção do cineasta Valter Lima Jr — Canal GNT.

César Martorano escreveu o Prefácio do livro ” O pensamento de Assis Chateubriand” a convite de Paulo Cabral de Araújo, presidente da Fundação Assis Chateubriand.

” Episódio da revolução de 30 em São Joaquim – Em tempo de serra e mata – jornalista e escritor Clodomir Leitem para ” O Jornal” do Rio de Janeiro – Domingo, 24-08-1969.

” Artigo ” Um falcão e um Lobo” ambos marinhos, escrito por Assis Chateubriand a Joaquim Ramos – publicado no Diário de São Paulo, Quarta feira 29-05-1965.

Artigo da redação ” Um homem do campo na cidade” publicado no “Diário da Noite” Sexta-feira, 17-07-1936.

” São Joaquim, cidade branca de neve”, texto de Rogério Martorano, fotos de Olavo Francisco Vieira – revista o Cruzeiro 03-1-1973.

“Cenário Suiço no sul do Brasil” – reportagem por Rogério Martorano – na revista O Cruzeiro, em 17-09-1960.

” No sul do Brasil onde florescem as macieiras — texto de rogério Martorano, fotos de Roberto Somlo — capa da revista a Cigarra no mês de julho do ano de 1961.

” Martorano no roteiro da neve” por Assis Chateubriand em uma Revista dos Diários Associados não identificada.

” Filhas de César brincando na neve” Fotografia publicada na revista “O cruzeiro” em setembro de 1957 – na maior neve da história de São Joaquim.

Documentário – Rede TV – Sobre a passagem de Assis
Chateubriand

César Martorano foi um dos maiores divulgadores da sua terra e foi um dos primeiros a incentivar o turismo em SJ, faleceu no dia 13 de janeiro de 2003, sem realizar seus maiores sonhos, ver sua cidade estruturada para acolher o Turista e sem construir um Hotel de Luxo para abrigar os turistas que aqui aportavam, César viveu para a família e para os muitos amigos que cultivou ao longo de seus 93 anos. Deixa como legado sua coragem para enfrentar a vida. Viveu-a intensamente, foi um visionário do seu tempo, deixa-nos o exemplo de homem honrado, obstinado, cristão e ético.

César Martorano, que a sociedade ateste, cumpriste o teu dever…

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