Pequenos gestos – Por Henrique Córdova

Já escrevi sobre a história contada por Bocaccio, segundo à qual, um católico, crente na pureza da Cúria Romana, levou um judeu a conhece-la e, em razão dela, converter-se ao catolicismo, o que conseguiu. Não porque confirmou o que imaginara, mas pelo contrário. A Cúria, ao invés de pura, exibia tanta e tão sórdida corrupção de todas as naturezas, que o judeu, converso, declarou:
– Uma Igreja que suporta, por tanto tempo, tanta miséria moral, só pode ser divina e eterna…

A Igreja continua, mas a Cúria nem sempre faz jus ao legado de Cristo.
Há pouco tempo, o simpático João Paulo II, ao subir uma escada, em cujo pé, estendida e suplicante, estava uma pobre mulher, que quis tocar suas alvas vestes, foi por ele desprezada e repelida, com um olhar nada acolhedor…
Agora, o Bergoglio argentino, diante de uma multidão que o queria ver e dele receber a celestial benção, desferiu um brutal tapa na mão de uma mulher, que tentava segurar a sua…

A respeito, com aquela fineza de que nos fala Vieira, escreveu o grande Miro Morais, que deve ser lido.

Que um número considerável de papas foram corruptos e anticristãos, ninguém tem dúvidas e quem as tiver, para dirimi-las, basta ler “ A Marcha da Insensatez”, de Barbara W. Tachman, que mostra o que foram os papas de 1470 a 1540…

Os católicos fervorosos justificam tudo, com o argumento de que os papas são seres humanos e, como tais, falíveis, embora investidos da representação divina. Respeita-se.
Entanto, o difícil é aceitar que alguns papas, humanos, confundam representação divina, com encarnação divina e pratiquem pequenos gestos, com poder destrutivo igual ao das grandes loucuras de alguns de seus antecessores…

Com que autoridade, após o violento e nitidamente raivoso tapa, Francisco falará em amor e perdão?

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