O segredo das pedras e das sementes – Por Henrique Córdova

Quem desce a serra, cortada pelo asfalto, em direção à bela ilha mágica,
Divisa, à direita, dois sarcófagos rochosos, à cumeeira da montanha,
Nenhum deles revela a imemorial história comum, que pode ser trágica,
Que terá testemunhado a revolução telúrica pela humanidade ganha.

No plano, curto e alevantado, milharais e pomares florescem vibrantes,
À espera resignada do fruto que, maduro, será colhido sofregamente,
Por mãos ensanguentadas nas intermináveis lutas dos homens valentes,
Capazes de desvendar o segredo da virtualidade da mínima semente.

Nenhum caminho, todavia, foi traçado para a mata fria e densa, que envolve a chave,
Descoberta na escalada das montanhas e incapaz de entreabrir o milenar e magno cofre,
Que continua a guardar os insondáveis e imperturbáveis mistérios da pétrea nave,
E durante todos os milênios transcorridos e nos que transcorrerão não verá quem sofre.

No profundo vale onde os arados sulcaram a ubérrima terra, repousa a inoculada semente,
Que espera a chegada do seu tempo e, enquanto espera, vislumbra o recorrente viajante
E prenuncia o festival primaveril onde árvores e ramagens florirão de repente,
Para cantar e pintar, com versos sonoros e cores múltiplas, a vida e o amor constante.

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