Os perrengues dos diabéticos

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Não poder comer determinado alimento, se preocupar nas viagens, evitar doces e massas durante as reuniões familiares. Estes são só alguns dos “perrengues” que as pessoas diabetes passam diariamente.

Embora alguns tentem levar uma vida normal, muitas vezes é necessário ter uma precaução maior para evitar o agravamento da condição e outros problemas associados. Abaixo, quatro pessoas contam um pouco das situações estressantes que já passaram desde que descobriram o diabetes e como fazem para contorná-las no dia a dia.

Cassiane Godoy, 26

“Descobri a doença em 2014. Estava numa fase de mudanças e tive infecção urinária e bebia muita água. Durante um almoço de família, não parava de beber água e, quando minha mãe mediu minha glicemia, estava em torno de 500. Em seguida, já recebi o diagnóstico de diabetes tipo 1.

Desde então, cuido da minha saúde e tento sempre analisar o prato e ver o quanto tem de carboidrato, gordura e proteína. Além disso, tenho que pensar em tudo quando a rotina é fora de casa.

Um dos meus perrengues foi ao fazer um pedido de delivery. Tinha pedido um carbonara pelo aplicativo e já tinha aplicado a insulina. Quando coloquei na boca, 15 minutos depois, era de palmito pupunha. Tive que corrigir a quantidade de carboidrato, e não foi legal.”

“O recreio e as festinhas eram sempre um desafio”

Lilian Pastore, mãe de Luiza, 12

“Aos oito anos, ela descobriu o diabetes tipo 1. Foi atípico porque ela estava tendo várias infecções na pele, por isso já notamos o problema. Teve um período longo de adaptação para entender a doença, medir porções e saber exatamente como ia ser a rotina dali para frente. Demorou quase quatro meses entre o diagnóstico e o uso da insulina.

No recreio, foi o pior momento, já que ela precisava aplicar a insulina sempre 15 minutos antes da pausa. Pedi afastamento do trabalho e fiquei fazendo protocolo para ela, treinando funcionários na escola, medindo porções de carboidrato. Mandavas todos os lanches bem etiquetados, com todas as referências. Fiquei ali até ela se acostumar. Nas festinhas também foi bem difícil. Tive que conversar com outras mães e oriento sempre.

Felizmente, ela mudou da injeção para bomba, e ficou bem melhor. Antes, eram 10 injeções diárias e agora com o novo produto é uma picada basicamente a cada três dias.”

“Tenho histórico na família e não é nada fácil no dia a dia”

Edneusa de Souza Ribeiro, 54

“Descobri a doença há dez anos fazendo um exame de rotina. Hoje, tento lidar bem com a diabetes, mas sigo certinho todos os remédios e a dieta: não posso comer açúcar, massa e outras comidas.

Acho que não existe algo mais fácil no dia a dia. Sempre tento evitar ficar nervosa, já que também é prejudicial para a diabetes e os cuidados são diários. No dia a dia meu maior perrengue é quando ela sobe, que eu sinto tontura, mal-estar e me sinto mal.

Tento me policiar ao máximo, já que venho de uma família com histórico, perdi mãe por causa da diabetes e minha irmã mais velha já está com a diabetes bem avançada e utiliza insulina como tratamento diário.”

“Acho que o maior problema é sofrer com hipoglicemia”

Thaís Cachuté, 40

“Eu tenho diabetes há 36 anos. Lido bem porque tive uma criação que sempre me ensinou a ser independente e cuidar muito da minha saúde.

E ainda bem que os tratamentos foram avançando. Quando fiquei diabética, só existia insulinas tiradas de porco e boi. Você não tinha aparelhos de medir glicemia, era bem mais complicado.

Hoje em dia, existe insulina muito mais moderna, que permite que sua glicemia fique mais estável, ajudando a controlar sempre. No caso das adversidades, acho que são com as hipoglicemias. Acontecem e têm que saber lidar e prevenir para que não ocorram com frequência.”

Diferenças entre os tipos de diabetes

tipo 1 representa cerca de 10% dos casos e é provocado por um processo autoimune —o organismo confunde alguma estrutura própria como um agente invasor, e ativa seu sistema de defesa para acabar com ela. Nos pacientes com esse tipo, o sistema imunológico ataca as células beta, no pâncreas, responsáveis pela produção de insulina.

No tipo 2, na maioria dos casos (cerca de 90% dos pacientes), o corpo não consegue utilizar adequadamente o hormônio que metaboliza a glicose, condição chamada de resistência à insulina, ou essa substância não é produzida em quantidade suficiente para manter o nível de glicose dentro da normalidade. Apesar de ser mais frequente em adultos a partir dos 40 anos de idade, o número de adolescentes e até crianças diagnosticadas com diabetes tipo 2 aumentou, nas últimas décadas, à medida em que a população tornou-se mais obesa.

Com informações Uol

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