
Sob a cripta misteriosa, cantos ancestrais, ritmavam o ato puro da criação;
Olhos inesperados, datados do presente, testemunharam a cena mágica:
A espada, sobre o corpo nu, prelibava, à espera do cálice da reprodução,
Para a semeadura da vida nas pétalas da rosa vigiada pela templária trágica.
Os séculos correm e revestem, com a espessa argamassa de insólita conveniência,
Inventada para manter, sob a dominação hierática dos poucos iniciados,
A imensa multidão, pelo planeta espalhada, dos marginais da mais vigorosa ciência,
E fruir, com a crueldade dos impuros, da placidez mental dos seviciados.
O sol novamente brilhará nas encostas do templo em que o sagrado feminino,
Cultuado pelos ritos revivescentes, descansa na ante-sala do próximo futuro.
E escreve a peregrina história da libertação humana do jugo poderoso e sibilino,
Para um tempo esperado, em que das mãos estará ao alcance, o fruto maduro.
A mulher, sacerdotisa da nave santificada pelo sangue divino, nela transfundido,
Ascenderá ao púlpito central e anunciará a nova da antiga verdade salvadora
E aos seus pés, de joelhos e contritos, de braços abertos e deveras arrependidos,
Cairão os homens, com lágrimas nos olhos, bem ao centro de uma definitiva manjedoura.